A explicação e justificativa para este novo procedimento técnico, do ponto de vista biomecânico, fundamentam-se em dois pontos:
1) A redução do impacto com o solo (menor incidência de lesões na estrutura do aparelho locomotor), com uma distribuição mais eficiente da força de impacto pela cadeia cinética;
2) A elevação do ritmo de corrida (aproveitamento da força propulsora dos músculos das panturrilhas), pela capacidade elástico-reativa das fibras musculares (ciclo alongamento-encurtamento).
Assim, se o primeiro contato dos pés com o solo, após a fase de vôo (quando os dois pés estão no ar), for realizado com o calcanhar, o impacto gerado sobrecarrega as estruturas do aparelho locomotor (ossos, tendões, ligamentos e músculos), gerando uma tensão física capaz de provocar microtraumas e lesões por repetição excessiva.
Tal gesto motor, além do mais, provoca uma frenagem no movimento com desperdício de energia e perda da força propulsiva e redução da amplitude passada (por volta de 1 cm / 100 m), reduzindo a capacidade de rendimento do corredor. Perder 1 cm / 100 m equivale a 15-20 segundos de aumento no tempo final de uma prova de 10 km, a depender da condição atlética do corredor. Isto pode representar uma derrota ou a perda do recorde pessoal.
Portanto, ao contrário do calcanhar, a ponta do pé impulsiona o corpo para frente, não havendo uma ação de frenagem do movimento e desperdício de energia. Com isso, o corredor tem o benefício do menor custo energético para o nível de intensidade de esforço realizado e menor tensão (do contato com o solo) sobre a estrutura do aparelho locomotor, o que permite uma passada mais econômica, segura e eficiente.
Entretanto, anteriormente a esta tendência atual de calçados esportivos que é denominada de "tênis mínimos", outra novidade já havia despontado no mercado, porém, foi barrada pelas normas da USATF. Trata-se do modelo Spira, cuja virtude, moldada pela tecnologia, é promover uma maior força de impulsão quando o pé toca o solo (com a ponta). Neste modelo, duas molas são colocadas na parte anterior do tênis, proporcionando este impulso extra que, entretanto, é considerado oficialmente como um modo fraudulento de obter vantagem competitiva.
Como escreveu no século XVI o grande poeta português Luiz Vaz de Camões, "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades; todo o mundo é composto de mudanças e vemos sempre novas qualidades", interessantes versos que mostram o quanto os seres humanos são capazes de evoluir em conhecimento e sabedoria.
Fica mais uma vez, para registro, a seriedade das informações veiculadas pela CR aos corredores brasileiros, que procura manter uma atualização constante em seu conteúdo teórico e prático.
O que ontem foi verdade, hoje não mais. E a verdade de agora, poderá não ser a realidade de amanhã. E assim caminha a humanidade, ou melhor, assim corre a humanidade em busca de novos desafios no horizonte sem fim!
Link:http://revistacontrarelogio.com.br/materia/qual-e-a-forma-%C2%93correta%C2%94-de-pisar-durante-a-corrida/

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